Em vez de ser a 'porta de entrada para drogas mais pesadas', maconha pode ser a saída, aponta estudo


O chavão de que a maconha é a porta de entrada para o consumo de drogas mais pesadas pode ser combatido com um argumento em sentido oposto: estudos desenvolvidos no Brasil, na Unifesp, mostram que o uso do princípio ativo da maconha, o THC, é poderoso coadjuvante no tratamento do vício do álcool, da cocaína e do crack.


Um estudo com roedores realizado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) descobriu que o THC, princípio ativo da maconha, pode reduzir ou eliminar o efeito de fissura –a vontade extrema de repetição da dose– causado pelo álcool.
No estudo pré-clínico, verificou-se que os ratos tratados com THC não experimentaram um sintoma neurológico chamado de sensibilização, que é provocado pelo uso repetido de etanol em roedores e seres humanos.
(...) Para os pesquisadores, o resultado reforça o potencial do THC como tratamento para o alcoolismo e outras dependências químicas, como as causadas por crack e cocaína.
"A sensibilização pode ser a transição entre o uso abusivo e a dependência", disse Renato Filev, neurocientista responsável pelo estudo. "Ela pode ser o gatilho que vai fazer com que o indivíduo retorne ao consumo. Se o THC pode neutralizar esse efeito, então talvez possamos usá-lo para evitar o desenvolvimento da dependência", completou o pesquisador da Unifesp.
No ano que vem, os pesquisadores pretendem realizar um estudo com seres humanos, para avaliar a eficácia de um extrato padronizado da cânabis no controle da dependência química.
Serão selecionados cem homens diagnosticados com dependência leve, moderada ou pesada em crack. Eles serão orientados a vaporizar o medicamento canábico –ou o placebo, no caso do grupo controle– nos momentos em que sentirem a necessidade de consumir crack.
"Acreditamos que existe uma possibilidade do medicamento reduzir a fissura e, por conseguinte, o consumo em usuários problemáticos", avalia Filev.
A expectativa tem respaldo em outros experimentos. Um estudo realizado em 1999, também na Unifesp, acompanhou 25 usuários de crack durante nove meses. Os pacientes usavam maconha para aliviar os sintomas da síndrome de abstinência e receberam tratamento psicoterápico.
Ao fim desse período, 68% dos usuários deixaram de usar crack e atribuíram à maconha um papel decisivo em sua abstinência.[Fonte: Folha]

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