O Globo diz que banqueiros do bicho são criminosos. Como justificar que triplex de Roberto Marinho tenha sido vendido a um deles?

O Globo publica um editorial em sua edição de hoje "Jogo do bicho se conecta a outros crimes" (que pode ser lido na íntegra aqui).

Nele, o jornalão faz uma análise dos banqueiros de bicho, chamados na maior parte das vezes de contraventores, e, em certa altura afirma:

"A contravenção é uma atividade que não se restringe a manipulação de apostas, grave por si só. Em seu rastro, contabilizam-se também homicídios, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e outros crimes contra a vida humana e a economia do país. A versão globalizada dos bicheiros apenas potencializa o perigo que eles representam para a sociedade — e cuja gravidade nem sempre é devidamente avaliada pelo poder público, não poucas vezes leniente com a proliferação de bancas de apostas, tíbio na repressão a máquinas caça-níqueis e cego diante do desembaraço com que “banqueiros” ostentam seu poder em instâncias da vida legal."

Como justificar então a venda do triplex de Copacabana que pertencia a Roberto Marinho ao bicheiro e presidente da Beija-Flor Anísio Abraão David? [Veja aqui foto da cobertura]

"Sua cobertura tríplex com ampla vista para o mar pertenceu a Roberto Marinho (1904-2003), que a usava nas festas de Réveillon. Anísio comprou-a em 2004 e a inaugurou oficialmente no último dia do ano. No fundo da piscina, no segundo pavimento, foram pintados um beija-flor e uma flor. No terraço há um jardim japonês, com ponte e lago com peixes." [Fonte]

Será que diante da grana do bicheiro os herdeiros de Roberto Marinho ficaram "cego[s] diante do desembaraço com que 'banqueiros' ostentam seu poder em instâncias da vida legal", como afirmam no editorial de hoje?

Como separar o dinheiro sujo de sangue dos homicídios (também denunciados no editorial) do usado para comprar o triplex do fundador da Rede Globo?

Como Roberto Marinho morreu em agosto de 2003 e Anísio comprou a cobertura em 2004 (não sei em que data), há sempre que se levar em conta que o imóvel pode ter sido vendido a outra pessoa antes de ser passado ao bicheiro.